quinta-feira, 26 de setembro de 2024

A Verdadeira Razão Pela Qual as Pessoas Odeiam Pensar, Segundo a Ciência

Pensar pode ser uma das atividades mais importantes que realizamos, mas, ironicamente, também é uma das que mais evitamos. E, se você já se pegou enrolando para começar um projeto, procrastinando decisões importantes ou simplesmente se distraindo com qualquer coisa que não exija muito raciocínio, você não está sozinho. O motivo? O cérebro humano é um verdadeiro “preguiçoso” quando se trata de esforço cognitivo. Mas calma, eu explico!



O Cérebro: Um Mestre da Economia de Energia

Primeiro, vamos combinar: o cérebro é um órgão impressionante, mas, ao mesmo tempo, extremamente econômico. Ele representa apenas 2% do peso do corpo, mas consome cerca de 20% da nossa energia em repouso! E quando você está tentando resolver um problema difícil, tomar decisões complicadas ou simplesmente refletir sobre a vida, essa taxa de consumo sobe ainda mais. Basicamente, pensar cansa. E muito!

Por isso, o cérebro busca formas de poupar energia sempre que pode. Um estudo realizado pela Universidade de Waterloo descobriu que, quando temos a opção entre uma tarefa mentalmente fácil e uma mais desafiadora, tendemos a optar pela mais simples. Mesmo sabendo que pensar mais a fundo pode ser útil, há um instinto natural de evitar esse tipo de esforço – tipo escolher ver uma série de comédia leve em vez de um documentário sobre física quântica às 10 da noite, sabe?


Preguiça Cognitiva: O Cérebro Foge de Trabalhos Pesados

Os psicólogos chamam isso de “preguiça cognitiva”, um termo bonitinho para descrever essa tendência do cérebro de escapar de esforços mentais pesados. O psicólogo Daniel Kahneman, que ganhou o Prêmio Nobel por suas pesquisas sobre como tomamos decisões, explicou isso muito bem. No livro dele, "Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar", ele diz que temos dois sistemas de pensamento: o Sistema 1, que é rápido e quase automático (basicamente, o piloto automático do cérebro), e o Sistema 2, que é devagar, deliberado e gasta muito mais energia. Não é surpresa que o cérebro prefira o Sistema 1 sempre que possível. É como escolher entre andar de elevador ou subir cinco lances de escada. Quem vai escolher a escada, não é?


Pensar Dói (Às Vezes, Literalmente)

Agora, prepare-se para um experimento curioso: em um estudo feito na Universidade da Virgínia, os participantes foram deixados sozinhos em uma sala por 15 minutos, sem qualquer distração. A única coisa que eles podiam fazer era... pensar. Mas tinha um porém: se quisessem, eles podiam apertar um botão e levar um choque elétrico. E adivinha? Muitas pessoas preferiram levar o choque a ficar ali, pensando. Parece loucura, né? Mas o estudo mostrou que, para muita gente, pensar é tão desconfortável que um choque parece ser uma distração mais aceitável! Sério, isso aconteceu.

Esse fenômeno tem a ver com a tal da “carga cognitiva”. Quando percebemos que uma tarefa mental vai ser difícil e exigente, é como se o cérebro gritasse: “Não, obrigado!”. A gente foge desse desconforto porque, além de ser cansativo, às vezes parece que pensar muito não vai nos levar a lugar nenhum (especialmente quando as respostas não aparecem rápido, o que é bem frustrante).


O Mundo das Distrações Rápidas

E, claro, não podemos esquecer do nosso ambiente atual: cheio de distrações! Redes sociais, vídeos de 15 segundos, memes, notificações... Vivemos em uma época de estímulos constantes, e todos eles exigem pouquíssimo esforço mental. O que isso significa? Nosso cérebro está cada vez mais mal acostumado. Em vez de pensar profundamente, ele prefere esses pequenos picos de dopamina que vêm com uma rolagem rápida no Instagram ou aquele joguinho viciante no celular.

Especialistas apontam que essa sobrecarga de distrações rápidas e recompensas imediatas só agrava a preguiça cognitiva. Cada vez mais, é difícil para as pessoas se engajarem em atividades que exigem raciocínio prolongado ou pensamento crítico – afinal, por que gastar energia pensando profundamente quando a próxima piada do TikTok está a um toque de distância?


O Cérebro Quer Descanso, Mas a Gente Precisa Pensar!

No fundo, odiar pensar não é culpa sua, é do seu cérebro tentando economizar energia! Ele é como aquele amigo que sempre busca a solução mais fácil, mesmo quando a gente sabe que a mais trabalhosa é a melhor. Mas, se quisermos tomar decisões melhores, resolver problemas complexos ou apenas viver de forma mais consciente, precisamos empurrar nosso cérebro para fora dessa zona de conforto.

Então, da próxima vez que você sentir aquele impulso de evitar pensar ou se jogar em uma distração fácil, lembre-se: seu cérebro pode até ser preguiçoso, mas você não precisa ser. Afinal, é no Sistema 2 que as grandes ideias e as melhores decisões surgem – e isso vale o esforço extra!


Referências:

  • Wilson, T. D., & Gilbert, D. T. (2014). The Challenges of Thinking for Fun: People Prefer Electric Shocks to Being Alone With Their Thoughts. University of Virginia.
  • Rand, D. G., & Greene, J. D. (2017). The Dual-Process Mind: Fast and Slow Thinking and Decision Making. University of Waterloo.
  • Kahneman, D. (2011). Thinking, Fast and Slow. Farrar, Straus and Giroux.
  • Sweller, J. (1988). Cognitive Load During Problem Solving: Effects on Learning. Cognitive Science.
  • Robbins, J. (2020). Why Your Brain Is So Lazy: The Science of Thinking. Psychology Today.
  • Raichle, M. E., & Gusnard, D. A. (2002). Appetite for Thought: The Metabolic Demands of Human Brain Function. Nature Reviews.

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